sábado, 12 de novembro de 2011

Monumento "Heróis da travessia do Atlântico" - Uma Viagem pela História, Um Resgate á Memória


Selo comemorativo aos 50 anos do JAHU - distribuído pelos Correios


A cidade de São Paulo homenageou os aviadores italianos e brasileiros com um monumento inaugurado em 21 de agosto de 1929 batizado "Heróis da Travessia do Atlântico". Este, inicialmente ficava localizado a margem da represa. Em 1987 na administração do prefeito Jânio Quadros foi transferido para a Praça Nossa Senhora do Brasil no Jardim Paulista, onde ficou até meados de 2010, quando foi novamente transferido para o Parque da Barragem, às margens da represa de Guarapiranga, próximo ao local de origem.
O comandante brasileiro João Ribeiro de Barros, nascido em jau, interior de São Paulo, e o comandante italiano Francesco De Pinedo, realizaram o feito incrível na época, em datas diferentes.
No caso do comandante brasileiro, foi uma iniciativa própria, sem contar com apoio financeiro de ninguém, muito pelo contrario, nossos governantes da época fizeram de tudo para desencorajá-lo, pois na sua incompetência, se baseavam nos argumentos, de recentes fracassos cometidos por aviadores internacionais.

Saindo de Genova na Itália, foi o vôo pioneiro de travessia do atlântico sul, concluído em 28 de abril de 1927, fazendo escalas na Espanha, Gibraltar, cabo verde, Fernando de Noronha, e represa de Guarapiranga. 

Os heróis brasileiros foram João Ribeiro de Barros (comandante), Arthur cunha (na primeira fase da travessia) e depois João negrão (co-pilotos), Newton Braga (navegador) e Vasco Cinquini (mecânico). 




Francesco De Pinedo

Francesco De Pinedo (Nápoles, 16 de Fevereiro de 1890 — Nova Iorque, 3 de Setembro de 1933) foi um aviador italiano.
Infância:
Nascido em família nobre patrícia possuía o título de marquês. Seu pai era advogado. Estudou literatura, artes e música. Esta última foi uma paixão que levou por toda a vida. Tanto que, no reide (vôo pioneiro de longa distância, que visava à travessia inédita do oceano atlântico, a bordo de hidroaviões, partindo de Gênova e África, chegando à represa de Guarapiranga, em Santo Amaro) das duas Américas, levou um gramofone em seu avião.
Militar:
Guerra Ítalo-Turca
Em 1908, ingressou na Accademia Navale e em 1911 graduou-se guarda-marinha. Neste mesmo ano participou da guerra ítalo-turca entre a Itália e o Império Otomano pela posse da Líbia.
A Itália fez os primeiros testes
com dirigíveis em uma guerra
Na I Guerra Mundial serve ativamente na Marinha. Em Julho de 1917 é enviado a Taranto para a escola de pilotos de hidroaviões. Em apenas dois meses consegue seu brevet. Serve ainda em Brindisi e no Mar Adriático. Cumpre uma missão em Constantinopla em 1921. No ano seguinte, assume um posto de comando no Mar Tirreno. Em sua carreira militar alcançou o posto de general.
Aviador:
Em 16 de Outubro de 1923, transfere-se da Marinha para a força aérea italiana (Regia Aeronautica).
Em 1925 realiza o Reide Gennariello acompanhado pelo engenheiro Ernesto Campanelli. Voou 55.000 - milhas, a partir de Roma até a Austrália, Tóquio, e de volta a Roma em seis meses, durante o reide teve de substituir uma asa e um motor.
De Pinedo não era um produto do fascismo, mas seu sucesso acrescentou prestígio ao regime, e Mussolini decidiu usá-lo como um "Messaggero di Italianità". Ele sugeriu uma visita das Américas, e deu total apoio para a sua preparação. Por isso, De Pinedo escolheu um o savoia marchetti s -55 barco voador, e para a equipe escolheu o capitão Carlo Del Prete e sargento. Vitale Zacchetti. Ele chamou o plano "Santa Maria", em homenagem ao "navio de Colombo”. 
Em 1927 voou de Roma até Cabo Verde e sobre Buenos Aires, floresta amazônica e Arizona. No que ficou conhecido como o Reide das duas Américas. Em sua passagem pelo Brasil, esteve em Fernando de Noronha, Rio de Janeiro e São Paulo onde pousou na represa Guarapiranga.
Morte trágica:
Em 3 de Setembro de 1933, preparava-se para alcançar um recorde oficial de vôo de distância de Nova Iorque até Bagdá, quando seu avião incendiou-se antes de decolar.


Premiações:
Clifford B.Harmon
Uma das maiores premiações que ambos os aviadores obtiveram, foi o Harmon Trouphy, estatua com o mesmo Ícaro de bronze existente nas colunas do monumento, além dos títulos de campeões aviadores do ano em que realizaram esse feito, ambos os aviadores, se tornaram membros honorários da maior liga de aviação, hoje conhecida como fia-(federation internationale de aeronautique), fazendo parte da elite de aviadores mundiais. 
Esse prêmio foi criado em 1926 por Clifford B. Harmon, um abastado balonista e aviador. O Troféu Harmon Trouphy é um conjunto de troféus internacionais oferecido anualmente para o melhor aviador escolhido entre os 21 países membros, filiados a Liga Internacional de Aviação, sediada em Paris.
Clifford B. Harmon descreve  os prêmios desta forma: “Prêmios Internacionais para as mais notáveis realizações nas artes e/ou ciência da aeronáutica para o ano anterior, com a arte de voar” 






Placa de bronze conferida aos membros honorários da FIA (Federação Internacional de Aviação)
As assinaturas de Francesco de Pinedo e Santos Dumont
(Fonte: Arquivo da família Cukurs, modificado no programa Adobe Photoshop 7.0)


João Ribeiro de Barros(Jaú, 4 de abril de 1900 — Jaú, 

20 de julho de 1947), Filho de Sebastião Ribeiro de Barros e Margarida Ribeiro de Barros. Tinha seis irmãos. 
Estudou no Ateneu Jauense (fundado por seu avô o capitão José Ribeiro de Camargo Barros em 1853) e completou seus estudos secundários no Instituto de Ciências e Letras de São Paulo. Era considerado um bom aluno. Ingressou na Faculdade do Largo de São Francisco (atual Universidade de São Paulo) onde cursou Direito por dois anos.
Em 1919 abandona este curso e decide dedicar-se ao estudo de engenharia mecânica nos EUA. Em
21 de Fevereiro de 1923 consegue o brevet internacional nº 88 da Liga Internacional dos Aviadores sediada na França. Inicia efetivamente sua carreira de piloto neste país. Aperfeiçoa seus conhecimentos como navegador aéreo e piloto nos EUA e de acrobacias aéreas na Alemanha.
Em 1926 iniciou o projeto que o tornaria famoso: Realizar um "reide" a partir da Itália a bordo de um hidroavião. E chegar ao Brasil sem utilizar navios de apoio ao longo da viagem. Pensava que as aeronaves seriam inúteis enquanto dependessem de navios. Seu desejo era que o avião atuasse de forma totalmente independente.
Pediu auxílio ao governo brasileiro o que lhe foi negado. Nesta época existia uma disputa não declarada entre vários países pela supremacia nos ares. França, Inglaterra, EUA, Alemanha, entre outros se empenhavam em vôos transoceânicos. Já que o sucesso destes empreendimentos era duvidoso e como o Brasil não desejava indispor-se com as potências da época, João Ribeiro de Barros não conseguiu ajuda oficial. Seu objetivo foi considerado impossível. Portanto, já que nações mais "avançadas" não o alcançaram, presumiu-se que o Brasil não teria chance.
Sem perder o ânimo, vende sua herança a seus irmãos e de posse deste dinheiro parte para a Itália.
Recebeu um telegrama do governo brasileiro ordenando que desistisse de sua tentativa de cruzar o Atlântico. Deveria também desmontar a aeronave, encaixotá-la e embarcar a mesma em um navio que seguisse para o Brasil.
Indignado com este fato, e até porque não recebera nenhuma espécie de auxílio estatal para realizar sua empreitada, respondeu ao presidente brasileiro Washington Luís:
“Exmo. Senhor Presidente: Cuide das obrigações do seu cargo e não se meta em assuntos dos quais vossa excelência não entende e para os quais não foi chamado, assinado: Comandante Barros.”
Recebeu também um telegrama de sua mãe incentivando-o a prosseguir com o seu reide. Segue:
“Aviador Barros: Aplaudimos tua atitude. Não desmontes o aparelho. Providenciaremos a continuação do reide, custe o que custar. Paralisação do reide será fracasso. Asas do avião representam a bandeira brasileira... Dizes se queres piloto auxiliar. Abraços a Braga e Cinquini. E bênçãos de tua mãe, assinado Margarida Ribeiro de Barros.”
Depois de obter sucesso em seu reide, João Ribeiro de Barros parte para novas aventuras. A 7 de Setembro recebe a notícia da morte de sua mãe D. Margarida, fato que deixa-o profundamente abalado. Envia o aparelho desmontado para o Brasil, onde, no campo de pouso Latecoere, na Praia Grande, cidade de Santos, o mesmo é montado. Barros presta uma homenagem à sua mãe dando-lhe o nome "Margarida." Voa até o Rio de Janeiro, de onde deseja partir do Campo dos Afonsos com destino à Europa.
Momentos antes da partida, mesmo sob os aplausos de uma multidão, é impedido de embarcar pelas autoridades. Iniciava-se a revolução de 1930, por isso seu avião é sumariamente confiscado pelo governo. Frustrado e impedido até de aproximar-se da aeronave, decide fazer uma viagem marítima de volta ao mundo.
Em 1932 retorna apressadamente ao Brasil onde participa da Revolução Constitucionalista como voluntário. Viaja a pé pelo Vale do Paraíba, até à cidade de Taubaté. Doa para a causa da Revolução todo o ouro que possui até mesmo medalhas recebidas pela façanha da travessia transatlântica de 1927.

Durante o governo do presidente Getúlio Vargas foi preso na cidade de Jaú, na fazenda Irissanga, de sua propriedade, pelo delegado Amaso Neto. Foi acusado de publicar clandestinamente um jornal de oposição ao governo. É posto em liberdade, pois as investigações realizadas nada provam contra ele.  


Estátua Mausoléu na Cidade de Jaú em homenagem a João ribeiro de Barros






Mussolini e seu presente polêmico:

A repercussão internacional desse vôo foi tão grande, para homenagear esse feito, veio como um presente da Itália um monumento, sobre o qual se erguia uma magnífica escultura em bronze sobre pedestal em granito com coluna romana autêntica em granito rosa doada pelo rei Victor Emanuel III da Itália. O italiano Ottone Zorlini inaugura o monumento Heróis da Travessia do Atlântico em homenagem aos aviadores no mesmo local do pouso.

Engastada no pedestal do monumento, encontra-se uma coluna com capitel em estilo jônico, retirada de uma construção milenar, que havia sido recentemente descoberta no Monte Capitolino em Roma, enviada a São Paulo por Benito Mussolini em comemoração ao feito dos compatriotas. O monumento foi erguido às margens da represa de Guarapiranga, no então município de Santo Amaro.
Vários anos se passaram, até que o então prefeito Jânio Quadros resolveu retirar esse marco histórico da aviação mundial, para colocá-lo, num local que nada tinha a ver com o mesmo. Foi jogado nas proximidades do Ibirapuera, na Avenida Brasil, onde a população passa e nem tem idéia do significado e valor histórico desse monumento. 


O Monumento:
Edificado ao lado do antigo paredão (barragem da represa de Guarapiranga), estátua com coluna romana extraída do Monte Capitolino em estilo jônico, apoiando um imenso Ícaro, homem alado, em bronze rosa. 
Monumento em seu lugar de origem,
 ás margens da Represa Guarapiranga
Detalhe do Ícaro


Local onde foi abandonado:
Avenida Brasil, praça nossa senhora do Brasil, SP, São Paulo
A tão esperada volta do monumento "Heróis da Travessia do Atlântico" teve início no dia 22 de junho com cobertura exclusiva da TV AESUL.
Instalada na Praça Nossa Senhora do Brasil há cerca de 23 anos, agora retorna a sua região de origem, junto a Represa Guarapiranga. Mais uma vez a AESUL toma partido e tem dado apoio, cuidando da trabalhosa e dedicada operação de transporte através de seu associado a Help Transportes.

Link do vídeo gravado pela TV AESUL mostrando todo processo de instalação do monumento nas margens da Represa Guarapiranga:
http://www.tvaesul.com.br/videos/assistir/monumento-herois-da-travessia-do-atlantico-inicia-a-viagem-de-volta-para-casa 

O Local de Origem:
No local original, foi colocada no chão uma placa de cimento, que hoje em dia, alem das pichações, virou deposito de sacos de lixo, que a população desinformada, utiliza, depositando os sacos para futura coleta dos caminhões de lixo.





               Av. De Pinedo                  Av, João de Barros


Imagens do Monumento antes da sua Reinauguração:


Detalhes dos diversos símbolos existentes no Monumento:

Coluna romana com mais de 2000 anos, em estilo jônico


Símbolo do Mito fundador de Roma -
Uma loba amamentando Rômulo e Remo

Festa de inauguração:

A Prefeitura gastou R$ 394.992,77 para fazer a restauração do monumento, que foi inaugurado com três meses de atraso do prometido.

























Miniatura do Monumento feita com a intenção de atender pessoas com deficiência visual
"Esse monumento que percorreu diversas fases da História, nesse percurso atravessou ideologias políticas que quiseram usá-lo de várias maneiras, é parte integrante e importante não só da História de países, ou de seus personagens, mas da Memória de todos que em algum momento estiveram presentes em todo esse passado magnífico"

PROFº Eliandro - APRESENTAÇÃO DE PESQUISA  MONUMENTO: HERÓIS DA TRAVESSIA DO ATLÂNTICO na Universidade Uniban/Anhanguera na SEMANA DE HISTÓRIA.


Prof. Eliandro.


Um comentário:

bichodepeh disse...

EM TODO COMENTÁRIO AINDA FALTOU UM DETALHE, BOBO , MAS INTERESSANTE, QUANDO DE SUA LOCALIZAÇÃO EM FRENTE AO RESTAURANTE BEPPE, NO PAREDÃO , EXISTIA DENTRO DO MONUMENTO UM ENORME ENXAME DE ABELHAS JATAI, O QUAL CONTINHA MUITO MEL...